FAGUNDES & ANACLETO
Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.
Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.
Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.
Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.
Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.Há poucas semanas, depois de acalorada discussão sobre um assunto muito caro a mim e a um grupo de bons amigos, com quase quatro décadas de convivência, senti a necessidade de registrar no papel aquilo que eu pensava sobre o assunto em questão. Aquela não era a primeira vez que discutíamos, e a cada vez, menos nos entendíamos. Como de certa forma eu fui o pivô da discussão, e de tanto discutirmos meus argumentos iniciais já estavam com sentido completamente oposto à realidade, peguei do papel, ou melhor, do teclado, registrei para a posteridade e enviei por email o meu sentimento sobre os problemas que motivaram nossos desentendimentos, literalmente do tipo discutindo a relação!
Bem, aqui entra o motivo do post. Enquanto escrevia aquela carta aberta, numa verdadeira batalha com as palavras para que não restasse uma única possibilidade de dúvida quanto ao meu posicionamento, lembrei de alguns autores que, por competência e genialidade, escreveram com o objetivo oposto, ou seja, para não esclarecer, no intuito de protestar, como fez Zé da Luz no início do século passado, quando escreveu o poema Ai! Se Sesse!, dizem, “... de tanto ouvir as pessoas dizerem que para escrever um poema de amor deveria fazê-lo com o português correto e palavras rebuscadas...”, ou com a clara e manifesta intenção de instigar os sentimentos [como costuma dizer um professor de literatura que conheço, “... para dar um soco na boca do estômago do leitor!”], como fez Jorge de Sena [mais sobre ele aqui] ao escrever uma obra prima chamada ‘Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena’.
Nas palavras do autor, o significado semântico das palavras nos sonetos dá lugar à percepção de sentidos pela imagem e pela sonoridade, e ele não poderia ter sido mais feliz em seu objetivo. Claro que as pessoas os percebem de maneiras distintas, enquanto alguns se emocionam ao lê-los, como eu, outros se valem da lógica ou da lingüística para tentar entendê-los. Não importa. Não quero aqui discorrer sobre esta obra, que já foi objeto até de dissertação de mestrado, centenas de outros já o fizeram com muita propriedade. Eu a transcrevo apenas como forma de registro do que se pode fazer com as palavras quando se sabe escrever.
I
de jardinatas nigras, pasifessa,
Áres, Hefáistos, Adonísio, tutos
agonimais se esforem morituros,
Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.
Artista plástico, professor de artes, escultor, cartunista, poeta e desenhista, Clênio Tadeu Paz de Souza nasceu em 1958 em Urubici. No início dos anos 60 sua família mudou-se para Lages, SC. De origem humilde, começou a desenhar aos sete anos de idade quando, ao acompanhar seu pai ao trabalho, numa madeireira, ganhou alguns pedaços de carvão. Foi o suficiente para que o mundo das cores e das formas ganhasse vida através de sua imaginação. Pintor autodidata, tornou-se um dos nomes mais conhecidos no surrealismo do Estado, e teve em Martinho de Haro um de seus maiores incentivadores. Seus quadros já foram expostos nas capitais e em várias outras cidades do sul do país, em cerca de 100 exposições individuais e coletivas. Faleceu na manhã de segunda-feira, 29 de maio de 2006. (Fonte: biografia escrita por Raul Arruda Filho)Nasce hoje neste espaço a série Uma tirinha no pedaço, com as aventuras e as desventuras de Fagundes & Anacleto, grosso tipo bicho!
É sábado, 27 de dezembro, início da tarde. A estrada sinuosa forrada de pedras, cortando um campo amarelado de trigo recém colhido, obriga um ritmo lento e cuidadoso. A ansiedade agora é de chegar o quanto antes, para aproveitar melhor o fim de semana. Saindo da estrada logo depois da ponte e tomando um caminho estreito em subida, quase uma trilha no meio de campo e matos, deixamos para trás esta vista do trigal ao longe, que disputa espaço com plantações de pinheiro americano. Nada é perfeito. É pena, pois nesta região de uma beleza sem igual, o pinus se alastra como peste.