Em 1922, o poeta não participou da Semana de Arte Moderna, mas seu poema Os Sapos , lido por Ronald de Carvalho, provocou reações radicais. A trajetória poética de Manuel Bandeira foi pautada pela busca permanente de novas formas de expressão. Em seu livro de estréia, A cinza das horas, (1917), usou formas fixas em seus versos parnasiano-simbolistas. Já em Carnaval (1919) e O ritmo dissoluto (1924) optou pela liberdade formal, que se tornaria uma das marcas registradas de sua poesia, e se aproximou dos ideais modernistas, que assumiria integralmente nos versos livres de Libertinagem (1930). Nesse livro estão seus poemas mais conhecidos, como Vou-me embora pra Pasárgada e Evocação do Recife. Ali se fixam os grandes temas do poeta: a família, a solidão, o medo da morte, a infância no Recife.
Mal saído da adolescência, Bandeira apresentou os primeiros sintomas da tuberculose, doença então fatal, que o obrigou a interromper os estudos. O jovem que até ali fazia versos por brincadeira passou a escrevê-los por necessidade, diante da fatalidade do destino. A perspectiva da morte foi uma constante em sua poesia e motivou um de seus poemas mais famosos: Pneumotórax.
Entre 1916 e 1920, enquanto lutava contra a doença, Bandeira perdeu a mãe, a irmã e o pai, passando a viver solitariamente, apesar dos amigos e, mais tarde, das reuniões na Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1940.
Apesar de apaixonado por mulheres, nunca se casou, e costumava dizer que “perdeu a vez”. Durante toda a vida, fez críticas de artes plásticas, crítica literária e musical para jornais e revistas, além de ter organizado antologias de poetas brasileiros e de ter publicado o estudo Apresentação da Poesia Brasileira (1946). Em 1954 publicou Itinerário de Pasárgada, onde, além de suas memórias, expõe todo o seu conhecimento sobre formas e técnicas de poesia, o processo da sua aprendizagem literária e as sutilezas da criação poética.
Em 1968, Bandeira faleceu no Rio de Janeiro, vítima de parada cardíaca, e não da tuberculose que o acompanhou durante quase toda a vida.
Fonte: Revista Funcef, ed 21, set/out07.
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire.
O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Vou-me Embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contarVou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Ilustrações
acima à esquerda: Fraga
abaixo à direita: Novaes
Agora entendi, é todo dia 16 de cada mês...rsrs!
ResponderExcluirrsrs... Também notei a coincidência qdo postei!
ResponderExcluirMas foi só isso, coincidência. Tô tentando aumentar a frequência, mas é tão 'difícir'...
:-DDD
Olá meu amigo Colafina, eu estava meio longe do blog, bem que vc me falou pra não comprar o notebook positivo, kkk, já deu problema e tá lá no conserto.
ResponderExcluirQuanto as mudanças já que não posso mudar a casa tenho, q mudar o blog mesmo! Felizmente o guarda-roupas sobreviveu!!!
Abração e bom feriado :)
Puis, olha, Florecita, te juro que não foi praga minha!!! Tomara que ele volte logo, e bom, prá você continuar com as mudanças no blog!!
ResponderExcluirUm abração!