16 outubro 2008

O Discurso

Discurso proferido na solenidade de formatura do Curso de Ciência da Computação - Sociedade Lageana de Educação. Lages, SC, 08 de março 2003.

É uma grande honra representar meus colegas de curso, e do alto deste palco dirigir a palavra a todos os presentes. Este momento representa muito mais que uma simples formatura. Este é um momento especial em nossa vida pessoal e representa um marco em nossa vida profissional que se inicia.

Senhores, esta é a solenidade de formatura da primeira turma do Curso de Ciência da Computação, o primeiro curso superior da Facvest!
Num país sem tradição de investimento em educação, e menos ainda em pesquisa como é o Brasil, nosso pioneirismo mistura-se ao pioneirismo deste empreendimento corajoso, que é a construção e consolidação de um centro universitário numa das regiões mais pobres do estado. Nossa cidade não se destaca na economia, mas está ao lado das mais importantes cidades do estado no quesito educação com 3 instituições de curso superior que nos fazem pólo educacional da extensa região do planalto catarinense. Um país que não investe na educação perde a soberania, a credibilidade e a esperança de uma vida e um país melhor para seus filhos e netos. Sem a educação nos faltarão as idéias, a confiança e o orgulho de ser o que somos e conseqüentemente perderemos nossos sonhos, substância de que somos feitos e que nos impulsionam e nos fazem seguir adiante e lutar por nossos ideais. Nosso país precisa acreditar e investir na educação de qualidade para seu povo florescer como uma grande nação no futuro.
O futuro nunca é incerto para aqueles que sonham. Com a Facvest plantou-se uma semente cujos frutos engrandecerão seus idealizadores, seus mestres e seus alunos, e farão com que nossa região seja geradora e celeiro de conhecimento, e nós, seus frutos, estamos construindo o futuro desta instituição. Aliás, já somos seu futuro.
E mais que isso: somos os sobreviventes dos 81 alunos que iniciaram o curso em setembro de 1998. Sobrevivemos a noites mal dormidas, a noites não dormidas, a frustrações, inseguranças, sobrevivemos até aos poucos momentos de lucidez em meio à loucura de trabalhos, provas, programas que não rodavam, nos quais nos perguntávamos: onde foi que eu me meti? Mais do que ninguém, a Ciência da Computação nos ensina, a duras penas, que verdades são efêmeras e mutáveis. Que fria e exata deve ser nossa ferramenta de trabalho, não nossa forma de pensar. Mais do que ninguém, a Ciência da Computação nos ensina que devemos conhecer o cálculo, mas nossos clientes são pessoas, não números. E que a tecnologia está a serviço da vida, deve prover, facilitar, proteger, e que o homem é seu criador, não sua criatura.
Hoje, muitos podem montar computadores, editar textos, até desenvolver programas, mas poucos podem projetar redes, administrar bancos de dados ou compreender as necessidades dos clientes e desenvolver soluções apropriadas. Se a tecnologia facilita o uso de computadores a qualquer pessoa, é porque cientistas da computação estudaram, pesquisaram e trabalharam arduamente para isto. Este agora também é o nosso trabalho.
Somos sobreviventes e vitoriosos.
Nada em nossa vida é por acaso, e esta vitória nos custou muito. Ela não caiu do céu, nem nos foi ofertada de bandeja. Por isso temos que valoriza-la. Por isso precisamos a todo custo fazer com que a Facvest seja respeitada como uma instituição que oferece ensino de qualidade, para que nosso diploma também seja valorizado e respeitado. Esta é uma tarefa conjunta: de um lado a instituição oferecendo as condições necessárias para a qualidade no ensino e na pesquisa, e de outro, alunos também comprometidos com um aprendizado de qualidade, e com uma pesquisa séria. Este é o nosso desafio, graduandos e bacharéis: fazer a nossa parte, buscar sempre o melhor de nós, dedicar ao nosso trabalho desvelo de obra-prima, para que nossas obras reflitam qualidade, confiança e segurança. Assim, com certeza teremos orgulho de nossos diplomas, e tudo o mais virá por acréscimo.
Falando em vitória, é preciso dizer que ela não é somente nossa. É também de todos os que conviveram conosco nestes 9 semestres e com seu apoio incondicional participaram do nosso esforço em chegar até aqui: nossa família, nossos amigos, nossos professores. Mas principalmente, nossa vitória é de pessoas muito especiais para nós, porque começaram conosco esta jornada e por um motivo ou outro não estão neste palco. São os colegas que sentaram-se ao nosso lado, partilharam trabalhos, orientaram nossas dúvidas, resolveram problemas, e se dependesse de nós estariam aqui em cima conosco. Nominando alguns poucos, quero homenagear a todos eles: Lawrence, Andréia, Patrick, Pelego, Cristiano, Alexandre, Emílio, Zóio, William, Leslie, Rondinele, obrigado a todos, estaremos em suas formaturas, nossa vitória também é de vocês.
Aproveitando-me do fato de ser o orador, peço a todos que por favor perdoem meu egoísmo, mas falarei agora um pouco sobre mim. Quero compartilhar com todos a emoção que senti há quase cinco anos quando fui acolhido por estes meninos e meninas como se fosse um deles, como se fizesse parte da turma deles desde sempre. Egoisticamente, quero dizer a todos que muito cresci como pessoa e como cidadão, alimentado pelo convívio diário com criaturas como estas, de corações tão generosos. Quero revelar que o tempo em sua marcha inexorável deixou marcas em meu rosto, mas também permitiu que meu coração remoçasse pela alegria cativante de seus espíritos juvenis. Que tive ampliados meus horizontes pela visão aberta e sem medos destes jovens lutadores, e renovada minha crença num futuro melhor para nossos filhos e netos pelos sentimentos de justiça e fraternidade destes jovens cidadãos. Sem pudor, confesso que tive alimentado meu ânimo e vigor pela sua mocidade impetuosa, e assim busquei a força que necessitava para poder acompanhá-los. Alimentei minha alma e meu intelecto com suas sapiências e conhecimentos, e assim consegui a serenidade e o raciocínio que me tornaram um igual. Naquilo que somos, temos um pouco de cada um, e de todos. Cada um de nós, a seu modo, contribui com o que tem. E de vocês, tenho o que vocês têm de melhor. Para mim é uma honra e um privilégio tê-los como amigos.
Acreditem, daqui a muitos anos ainda falaremos da quietude e sabedoria do Elias, sempre nos surpreendendo com a entrega dos trabalhos na data certa, da esperteza e da paixão vascaína do Gilberto divertindo a turma do fundão (deixe quieto), da timidez e do capricho da Andréa, com sua presença calma e sem malícia, e da amizade e lealdade do Luís entretendo-nos com suas histórias (ele é estranho, mas muito divertido). Ah! E com certeza também falaremos com saudade daquele fantástico churrasco, oferecido pelo Luís, ao pé de uma cachoeira lá em Urubici. Foi ótimo, vocês lembram?
Como primeira turma do Curso de Ciência da Computação da Facvest sempre abrimos caminhos, e continuaremos a fazê-lo, com certeza. Saímos daqui com a sensação do dever cumprido, do sonho realizado. Que possamos honrar a educação e a dedicação que recebemos de nossos pais. Que possamos ser bons exemplos para a sociedade, como pessoas íntegras e como profissionais éticos e honestos.
Hoje tudo termina, e no entanto estamos apenas começando...
Parabéns e boa sorte a todos nós. Muito obrigado!

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