12 novembro 2009

De Cavalheirismo e Guerra Fria

Às 10 horas da manhã do dia 12 de fevereiro de 1908, em New York, seis carros  alinham-se na rua 43 entre a Broadway e a Sétima Avenida. Três franceses, um italiano, um alemão e um norte-americano, todos abertos, com seus tripulantes expostos ao tempo frio e nevoso daquele dia de inverno. Aguardam o sinal de partida para uma corrida  que os levará à Paris. De New York até São Francisco, de lá por mar até Vladivostock, com pequeno trecho em estrada no Alaska, e prosseguindo através da Rússia até Moscou, depois Berlim e, finalmente, Paris

À época, fora dos limites urbanos as estradas eram apenas “... caminhos carroçáveis que quebravam os rins, arrancavam dentes, sacudiam os ossos, mesmo em pleno verão – e estávamos num mês de fevereiro cheio de neve, com temperatura em torno de 0°C.” [Revista Esso – 1956, nº 4]. Contrariando até mesmo as previsões mais otimistas, apenas dois carros não superaram os desafios da aventura que entraria para a história como A Grande Corrida .


A gravura de Peter Helck  ilustra o momento em que a equipe americana, pilotando o Thomas Flyer, socorre o Protos, da equipe alemã, atolado na lama nas cercanias de Vladivostok. Depois de dividirem uma garrafa de vinho, as equipes tornaram a se acomodar em seus carros e recomeçaram a corrida, rumo à distante Paris.

A lembrança que tenho desta gravura remonta aos primeiros anos da década de 60, e no seu transcorrer, durante minha infância e pré-adolescência, a esta lembrança foram se somando as histórias sobre os conflitos da época, principalmente uma dita guerra fria  entre russos e americanos. Na minha cabeça infantil, a gravura então passou a ter outros significados, como o exemplo de altruísmo e – também, e principalmente – cavalheirismo entre os competidores. No auge da guerra fria, na minha imaginação, custava a acreditar que pudesse haver tamanho desprendimento entre aqueles homens cujos governos estavam em permanente e perigosa disputa. Este sentimento de incredulidade e admiração aflorava cada vez que folheava a Revista Esso, que ainda guardo, ou mesmo à simples lembrança da gravura quando o assunto surgia nas conversas em família, ou com amigos.

Passaram-se alguns anos até que a razão colocasse ordem nos sentimentos relacionados à gravura. Foi quando, entrando na fase adulta, me dei conta que, em primeiro lugar, o Protos era um carro alemão e pilotado por alemães, não russos. Em segundo, este encontro aconteceu em 1908, muito antes dos conflitos envolvendo americanos e alemães, e naquela época a guerra fria entre russos e americanos não existia nem em sonho. Mas de nada adiantou o ordenamento, aqueles significados confusos estavam por demais entranhados na memória, gravados desde a infância e permaneceram vivos por toda minha vida adulta. E é por ainda hoje despertarem tão boas lembranças que decidi publicá-las. A gravura, e as lembranças. Estou satisfeito por isso!

Quem ganhou a corrida ? Quase seis meses depois da largada, completaram a prova o Thomas Flyer  americano com 26 dias de vantagem sobre o Protos  alemão, 35 dias sobre o Zust  italiano e 56 dias sobre o De Dion  francês. Dos outros carros franceses, o Sizaire-Naudin  abandonou a prova logo após a largada e o Moto-Bloc  desistiu antes de chegar a São Francisco. Deles todos, o Thomas Flyer é o único ainda existente, exposto  no National Automobile Museum, em Reno, Nevada, USA.

02 novembro 2009

Uma Tirinha no Pedaço [oito]

FAGUNDES & ANACLETO

Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.

16 outubro 2009

Manuel Bandeira, um Brasileiro (1886 - 1968)

Manuel Bandeira afirmou um dia que “a poesia está em tudo, tanto nos amores quanto nos chinelos, tanto nas coisas lógicas quanto nas disparatadas”. Para dar conta dessa diversidade de temas, Bandeira revolucionou a poesia, aproveitando em seus versos a fala coloquial e os fatos do cotidiano. Sua visão do mundo não se expressava em reflexões sociais ou filosóficas, mas na observação dos detalhes mais corriqueiros da vida, sempre com um sentimento de humildade diante das coisas. A influência de Bandeira sobre os jovens modernistas foi tão grande que Mário de Andrade o chamava de São João Batista do modernismo brasileiro.

Em 1922, o poeta não participou da Semana de Arte Moderna, mas seu poema Os Sapos , lido por Ronald de Carvalho, provocou reações radicais. A trajetória poética de Manuel Bandeira  foi pautada pela busca permanente de novas formas de expressão. Em seu livro de estréia, A cinza das horas, (1917), usou formas fixas em seus versos parnasiano-simbolistas. Já em Carnaval (1919) e O ritmo dissoluto (1924) optou pela liberdade formal, que se tornaria uma das marcas registradas de sua poesia, e se aproximou dos ideais modernistas, que assumiria integralmente nos versos livres de Libertinagem (1930). Nesse livro estão seus poemas mais conhecidos, como Vou-me embora pra Pasárgada  e Evocação do Recife. Ali se fixam os grandes temas do poeta: a família, a solidão, o medo da morte, a infância no Recife.

Mal saído da adolescência, Bandeira apresentou os primeiros sintomas da tuberculose, doença então fatal, que o obrigou a interromper os estudos. O jovem que até ali fazia versos por brincadeira passou a escrevê-los por necessidade, diante da fatalidade do destino. A perspectiva da morte foi uma constante em sua poesia e motivou um de seus poemas mais famosos: Pneumotórax.

Entre 1916 e 1920, enquanto lutava contra a doença, Bandeira perdeu a mãe, a irmã e o pai, passando a viver solitariamente, apesar dos amigos e, mais tarde, das reuniões na Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1940.

Apesar de apaixonado por mulheres, nunca se casou, e costumava dizer que “perdeu a vez”. Durante toda a vida, fez críticas de artes plásticas, crítica literária e musical para jornais e revistas, além de ter organizado antologias de poetas brasileiros e de ter publicado o estudo Apresentação da Poesia Brasileira (1946). Em 1954 publicou Itinerário de Pasárgada, onde, além de suas memórias, expõe todo o seu conhecimento sobre formas e técnicas de poesia, o processo da sua aprendizagem literária e as sutilezas da criação poética.

Em 1968, Bandeira faleceu no Rio de Janeiro, vítima de parada cardíaca, e não da tuberculose que o acompanhou durante quase toda a vida.

Fonte: Revista Funcef, ed 21, set/out07.


Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire.

O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.



Vou-me Embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Ilustrações
acima à esquerda: Fraga
abaixo à direita: Novaes

16 setembro 2009

9. O Coronel e o U.T.I. Futebol Clube

(Esta é uma obra de pseudo-ficção. Qualquer coincidência com personagens abstratos, fatos inventados e lugares imaginados não será mera semelhança!)

O coronel Gumercindo Neto desabou enviesado na cama já roncando, quase sete da manhã, sem nem ao menos tirar os sapatos. A Tetê os arrancou, jogou a ponta da colcha sobre o marido esparramado e foi cambaleando para o quarto de visitas. As janelas vibravam com o ronco do Arrudão. Estavam chegando de uma agitada noite de dança e muita bebida numa casa noturna conhecida por sua concorrida freqüência GLB&S. Ele jura, e a Tetê solidariamente confirma, que a primeira vez que foram não sabiam da peculiaridade da casa, só perceberam lá dentro, depois de muitas cervejas e alguns sustos! A segunda foi só para confirmar a coisa. Sobre as outras dezessete vezes, ele ajeita o galho de arruda na orelha, passa o palito mascado para o outro canto da boca e diz que foram porque a música é boa e o ambiente é familiar! Então desconversa e encerra o assunto. Nessa noite, o Arrudão sozinho deu conta da metade do estoque de cerveja do bar, e a outra metade a Tetê traçou com uma avidez e uma desenvoltura jamais vistas! Mulher de valor, a Tetê! Acompanha o marido, rente e firme! Não deu outra, tomaram um porraço os dois como nunca antes havia acontecido.
A Tetê pulou da cama, assustada, quando o telefone tocou. Atendeu meio dormindo, não era nem oito e meia, na linha o bostinha colafina perguntando se precisava pegar o Arrudão pro jogo.
— Que jogo? – resmungou. Desistiu de tentar abrir os olhos.
— O campeonato do asilo, ora. Lembra, o Arrudão confirmou com os festeiros lá do asilo uma partida beneficente...
— Não lembro...
— ...
— Que dia é hoje?... [um bocejo] – não lembro como chegamos em casa...
— Onde é que andavam? Vai dizer que lá no... lá no... de novo?
— É... – assoprou a Tetê num bocejo, se segurando prá não deitar no tapete.
— Ai, meu Deus!
— [Outro bocejo] Quê ‘ce disse?
— Que hoje o dia promete.
O bostinha colafina não soube se o que ouviu foi só um resmungo ou foi um palavrão, no meio de outro bocejo, antes da ligação ser cortada.

A Tetê era presidente da ARDIDAS, a Associação Rural da Derradeira Idade e Simpatizantes, entidade atuante em toda região da grande Cajuru que fora convidada, meio em cima da hora, para uma confraternização como parte do tradicional festejo anual para angariar fundos para o Asilo Olheicentino da cidade. Em razão da idade dos jogadores envolvidos, seria disputada uma única partida de futebol suíço, em quadra coberta. Como não encontrou nenhum associado em condições, e nem disposto a jogar, Tetê apelou para o Arrudão, que quase nunca a deixa na mão. E esqueceu o assunto.
O Arrudão então convocou o time, literalmente falando. Não adiantaram desculpas, compromissos assumidos, doenças e tratamentos, nada comoveu o coronel:
— Gente, vocês não podem dizer não, nós vamos representar a ARDIDAS. De duas uma, jogamos ou jogamos! Já assumi o compromisso, e o meu prestígio não pode ser abalado por uma bobagem dessas, por causa de um joguinho mixuruca com velhinho de asilo!
— Pois é, Arrudão, é o seu compromisso, é o seu prestígio, entã...
— Não interessa! – atropelou o coronel – Domingo todo mundo lá na quadra, sem falta! Peguem aqui o uniforme, mas olha, hein! É da ARDIDAS, depois tem que devolver. Lavado e passado!

Naquele momento o bostinha colafina teve a certeza de duas coisas. A primeira, que o Arrudão esquecera o compromisso, e a segunda, que a encrenca sobrara para ele. E depois dos festejos terminados, ao ser perguntado como conseguiu reunir o time em quadra, suspirou:
— Deixa prá lá... prefiro não comentar! Não vale a pena... [suspiro profundo] – Quero esquecer este dia...

O jogo estava marcado para as 10 horas, e o ginásio estava lotado. Parecia que a cidade inteira tinha marcado encontro lá. De um lado, os atletas do Asilo. O mais novo com oitenta e dois anos e meio, zagueiro, e o mais velho, o atacante, com quase noventa e quatro. De outro, os pacientes... quer dizer, os atletas do Arrudão representando a ARDIDAS.
O quadro era deprimente.
O arrumadinho de olho azul segurava um rolo de papel higiênico que ia desenrolando enquanto assoava o nariz e tossia catarrento, tremendo descontroladamente numa febre de 39,5°C, por causa da maior gripe que já batera no seu costado. Pendurada num dos cotovelos, uma sacola de supermercado lotada de remédios chacoalhava no ritmo do tremelique. Em pé, estaqueado ao seu lado e soçobrando sob o efeito inebriante da água de privada matinal, o Vassourinha resmungava que os joelhos estavam duros, imagine só, e as canelas doíam até para caminhar, e suspeitava que aquela garrafada pra ativar a circulação que comprou do pai Angola Abre & Tranca não estava funcionando, imagine só.

Sentado na ponta do banco comprido de madeira, o esquentadinho da cidade, com os cotovelos apoiados nos joelhos, segurava uma toalha de banho cor-de-rosa enfeitada com bichinhos coloridos, usada como lenço aparando a coriza que vertia feito bica d’água em beira de estrada do nariz já esfolado, conseqüência da mais violenta crise alérgica que jamais tivera. Nos raros intervalos entre os intermináveis acessos de espirro, pingava colírio nos olhos flamejantes e remelentos, tentando inutilmente mantê-los abertos. No mesmo banco, circunspecto e sentado a uma distância segura dos perdigotos que voavam da criatura esvaindo-se ao seu lado, o doutorzinho casca grossa amargurava sua desventura com os olhos parados mirando o nada. O sentido da sua existência, em suas próprias palavras, acabara na semana anterior quando um japonês abriu um consultório dentário, no outro lado da rua onde mantinha o seu consultório, quase porta com porta. E na mesma especialidade sua! Com tanto lugar para abrir um consultório, por que logo ali, na sua frente? Sentindo ameaçada sua exclusividade no bairro, desde então penava num estado tal de prostração que sua aparência era de alguém saindo de um beco escuro em noite de trovoada. Naquela manhã morna de um domingo de primavera envergava um sobretudo preto que ia até os joelhos, fechado até o pescoço, e um pesado óculos escuro disfarçava o olhar mortiço. Ou seja, veio jogar futebol vestido de agente funerário trazendo sua própria cumulus nimbus relampejante sobre sua cabeça!

Na outra ponta do banco, arfando no auge da pior crise asmática da sua vida e debatendo-se com o nariz enfiado na máscara de um nebulizador, olhos arregalados pelo pavor de não conseguir respirar, o enrugadinho transcendental parecia estar à beira de um colapso. No seu colo o nebulizador, ao seu lado um carrinho de fazer compras na feira, daqueles com duas rodinhas e desmontáveis, trazendo um tubo de oxigênio, uma dúzia de frascos de soro para abastecer o nebulizador e uma extensão com o fio ligando o nebulizador à tomada elétrica onde antes estava ligado o aparelho de som do ginásio. Enquanto os organizadores do evento tentavam em vão achar o defeito do microfone mudo, duas animadas, rebolantes e oitentonas velhinhas, vestidas com saiotes de animadoras da torcida do time do Asilo, usavam blocos de rifa para abaná-lo, rindo e salivando maliciosas – Hummmm... ele é uma graciiinha!

E o Arrudão... bem, o Arrudão estava sentado no chão da quadra, encostado na grade, cabeça para trás, suando frio e trocando de cor feito um camaleão. De transparente, passava a roxo, depois branco, transparente de novo... quando ficava verde, corria para o banheiro do vestiário com uma mão na boca e outra no barrigão, e revirava do avesso em espasmos estomacais e intestinais escutados e sentidos em todo o ginásio. Ressaca braba e desarranjo tão violento assim, nem daquela vez que bebeu água de privada do Vassourinha pensando que era água tônica com steinhaeger.

Depois de meia hora de atraso por conta da cagança do coronel, os organizadores deram um ultimato: ou a ARDIDAS entrava em campo, ou o Asilo seria considerado vitorioso por WO. O Arrudão, mesmo ainda tonto e fraco pela desidratação, troteou de onde estava e convocou o time para o jogo. Antes, para não comprometer a reputação, ou o que ainda restava dela, decidiram registrar-se na súmula com apelidos escolhidos na hora, unicamente para aquela partida. Nuve, 9, para o doutorzinho casca grossa. Ele mesmo soturnamente escolheu o apelido, dizendo que era pela sua conhecida habilidade no drible. Zé do Ronco, 8, por unanimidade, para o esquentadinho da cidade, por motivos óbvios. Socadinho, 14, a contragosto, para o Arrudão, pelo seu marcante porte atlético.
— Do que adianta esta porcaria de apelido, se todo mundo sabe quem sou eu?
— Porque se este jogo dá merda, o seu nome não fica registrado! – profetizou o bostinha colafina que apenas reduziu seu nome próprio para Colafina, 19. Justificou a decisão dizendo que sua incompetência futebolística era de conhecimento público, nada tinha a esconder, pois, mas prometeu fechar o gol.
O Vassourinha ouriçou os bigodes e não aceitou ser registrado como Palanquinho, 11.
— Bem, Vassourinha, pela sua vertiginosa e impressionante mobilidade em campo, pode ser também... ãh... Raízes! Que tal? Pode escolher...
O peão do coronel cofiou seu bigodão, e resmungou baixinho:
— Tá, tá, tá, que fique Palanquinho, então...
O arrumadinho de olho azul foi registrado como Coró, 6, pela incrível semelhança do bronzeado da sua pele com o subterrâneo bichinho. Da mesma forma que o esquentadinho da cidade, as suas condições de saúde não permitiram que discordasse. O enrugadinho transcendental foi registrado, também à sua revelia, como Carquejinha, 13, pela sua intimidade com chás, infusões e outras ervas. O sabidinho que fala javanês, o técnico, foi registrado como Tiúspe, the coach. Não apareceu porque atrasou a conexão do seu vôo em Timbuktu, e acabou embarcando para a Groenlândia atrás da bagagem extraviada.

O time da ARDIDAS, devidamente registrado, ficou assim: Colafina no gol; Nuve e Zé do Ronco no ataque; a dupla Palanquinho e Carquejinha na zaga; no meio de campo Coró e Socadinho, que acumulou a função de técnico. As instruções eram simples: O Colafina fecha o gol, o Palanquinho barra o avanço inimigo pelo meio e o Carquejinha anula o ataque pelas pontas. Os outros fazem o que puderem...

Em função do estado de saúde deplorável e da idade avançada dos jogadores, de um time e de outro, permitiram que o jogo começasse com os jogadores já em suas posições. O público estava impaciente com a demora da ARDIDAS, e então, para agilizar a entrada do time em campo, o Palanquinho foi carregado pelo juiz e pelo Colafina, o único são, e plantado na entrada da área. O Nuve colocou-se lá na área adversária, lúgubre, dizendo que era para passarem a bola que ele faria o resto, sem entrar em detalhes sobre o que isso significava. Zé do Ronco arrastou-se escorregando no rastro da coriza em direção ao lugubrento, que discretamente afastou-se uns passos para o lado. Coró foi conduzido tremelicando, pelo bandeirinha, até o outro lado do campo. O Carquejinha teve que largar do nebulizador, e entrou em campo apenas um passo além da linha lateral, por garantia. O Socadinho, tonto e transparente, bambeou até a linha central. O time do Asilo postou-se vagarosamente, mas sem ajuda.

O apito do juiz deu início ao jogo e... à tragédia!

O meio de campo do Asilo deu a saída rolando a bola vagarosamente para o atacante, um metro à frente, que aninhou a bola entre as pantufas e os pés de alumínio com ponteiras de borracha do andador que o sustentava, e iniciou a vertiginosa subida em direção ao gol adversário. O andador dez centímetros à frente, um toquinho na bola, um breve descanso, novamente o andador dez centímetros à frente... Arrudão, ou melhor, o Socadinho, como sói acontecer, tentou protestar, mas ao levantar o braço e dar um passo em direção ao juiz esverdeou, levou uma mão à boca e outra já nos fundilhos, e desembestou rumo ao banheiro deixando um rastro da caganeira fedorenta no gramado artificial! Gargalhada geral na torcida, o juiz, os mesários, os bandeirinhas, os gandulas, os adversários, as velhinhas de saiote e o time da ARDIDAS, todos caíram na gargalhada! Todos, menos o agente funerário e o atacante do Asilo, que era surdo e estava sem o aparelho de surdez. Alheio à balbúrdia, seguia impassível e concentrado rumo ao gol da ARDIDAS. O andador dez centímetros à frente, um toquinho na bola, um breve descanso, novamente o andador dez centímetros à frente...
— Ô, pessoal, atenção aí, olha o velhinho! – gritou lá da trave o Colafina, ainda rindo.
Por causa do riso recomeçou a crise de asma no Carquejinha, que precisou sentar e aplicar a máscara do nebulizador que as velhinhas assanhadas trouxeram até a beira da quadra. Também o Coró e o Zé do Ronco, em coro, recomeçaram a tossir e espirrar incontrolavelmente, enquanto o Nuve, de sobretudo preto e óculos escuros olhava a cena, cinzento e inerte.
— Gente, olha o velhinho! Ele tá vindo pro gol! – gritou de novo o Colafina.
O atacante do Asilo continuava sua fulminante subida, já um pouco ofegante.
Palanquinho, faça alguma coisa!
— ‘Xá comigo! – tranqüilizou o Vassourinha.
O atacante desviou alguns centímetros do Palanquinho, que plantado estava e plantado ficou, passou roçando ao seu lado e mirou novamente o gol da ARDIDAS.
Palanquinho, você não fez nada! – bronqueou o Colafina.
— ‘Ce queria que eu fizesse o quê? Como é que eu ia tirar a bola de dentro do cercadinho? Queria que desse um tranco no véinho? Ou um tóche nas zoreia? – estrilou o Palanquinho, indignado.

O velhinho entrou perigosamente na área, o andador dez centímetros à frente, um toquinho na bola, um breve descanso, novamente o andador dez centímetros à frente, olha o velhinho, gente, olha o velhinho, do meio da área olhou ameaçadoramente para o goleiro, ele vai chutar, gente, façam alguma coisa, levantou o andador, preparou o chute e... desequilibrou, geeeeente, o velhinho vai cair, foi caindo em câmera lenta tentando se apoiar no andador, que tocou na bola, que rolou em direção ao gol. O Colafina chegou a titubear por um momento, mas como era o goleiro e prometeu fechar o gol, fez a única coisa que esperavam dele naquele momento: correu prá segurar o velhinho!

O tempo parou no ginásio. A torcida se calou, olhos fixos no velhinho... no Colafina... na bola... Tudo em câmera lenta. Ninguém respirava. Ninguém tossia. Ninguém espirrava. Ninguém sufocava. Só o Arrudão estrebuchava no banheiro. O Colafina aparou o velhinho antes que estatelasse no gramado. Há quem jure, e um ginásio lotado confirma, que naquele momento o velhinho tinha um olho fechado esperando o baque e o outro meio aberto cuidando da bola, que continuou rolando devagarzinho, tocou de leve na trave esquerda, e parou, caprichosa e bamboleante, no fundo da rede do gol da ARDIDAS!

O ginásio veio abaixo, e o mundo desabou sobre o Colafina!

A festa da torcida virou carnaval. Em meio à gritaria, assovios e batucada, o Zé do Ronco, o Coró e o Carquejinha, quase morrendo e gesticulando obscenidades ao Colafina, eram recolhidos de maca pelos paramédicos do SAMU, que foram chamados por alguém na arquibancada incomodado com aquela fedentina nauseabunda que empestava o ginásio e o bairro. O Socadinho, murcho e assustado, foi retirado carregado do banheiro com os olhos arregalados e enrolado em papel higiênico. Enquanto isso, um vulto sombrio esgueirava-se furtivamente porta afora debaixo dum aguaceiro que desabava de uma nuvenzinha negra e trovejante. Em quadra, o Palanquinho, que se estatelou tentando acertar um tabefe nos beiços do goleiro, era arrastado com as pernas petrificadas em direção aos paramédicos enquanto aos berros desancava aquele estrupício que prometeu fechar o gol. Sob o peso de toda a desgraça do universo, o Colafina, qual a estátua da Pietá, amparava em seus braços um velhinho com a maior cara de safado exibindo de orelha a orelha um sorriso triunfante... e desdentado!

Este fato sucedeu-se faz alguns anos, mas a vitória do Asilo Olheicentino sobre a ARDIDAS até hoje é motivo de chacota na cidade e em todo o Cajuru, a Coxilha Rica e os campos da Vacaria. Lembrada e recontada incontáveis vezes sem trégua nem piedade, mantém aberta e sangrando uma ferida mortal no prestígio do coronel Arrudão, prestígio aliás que há tempos não anda lá essas coisas! Quanto ao bostinha colafina, desde o acontecido afortunadamente já se livrou de três tocaias e uns oito linchamentos, perpetrados de caso pensado pelos outros jogadores da ARDIDAS naquele dia fatídico, que são unânimes ao justificar suas nefastas atitudes:
— O Colafina, como goleiro, já foi um bom amigo!

29 agosto 2009

Uma Tirinha no Pedaço [sete]

FAGUNDES & ANACLETO

Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.

16 agosto 2009

Vida Que Segue, Pois.

Há uns cinco anos teve início meu contato mais constante com a blogosfera. Com o passar do tempo, este contato passou a ser diário, e um dos endereços favoritos era o NoMínimo, onde escreviam escritores e jornalistas brasileiros de qualidade, como Zuenir Ventura, Villas-Boas Corrêa, Tutty Vasques, Pedro Doria, Arthur Dapieve, Sérgio Rodrigues, Xico Sá.
Pedro Dória eu acompanhava com maior frequência. Agradava-me o seu texto leve e interessante. Continuei acompanhando após o encerramento do NoMínimo em meados de 2007, através do seu blog próprio, o Weblog, a ponto de tornar-se um vício diário, um salutar vício de boa informação.
No início apenas um leitor assíduo, aos poucos um comentarista bissexto, até que de ano e pouco para cá, arrisquei-me como um participante mais contumaz, mas com muita cautela, pois o nível dos participantes da caixa de comentários do Weblog sempre foi alto. Alto nível de cultura, de inteligência, de ironia, de humor, de engajamento político, de agressividade também. Nela fiz alguns bons amigos virtuais, com os quais sempre rola um bom papo e boas discussões.
Hoje, o Weblog fechou suas portas. Pedro Dória explica os motivos na Hora da despedida, seu penúltimo post. O último é o tradicional Uma Moça às Segundas, para fechar com chave de ouro, com certeza! Não mais Uma Estantes às Quintas, nem Uma Construção, Posto Que é Domingo!
A princípio, o choque da notícia faz-me lamentar o fim do Weblog. Mas, como sabemos, movimento é vida, e a renovação faz parte do ofício de continuarmos vivos. É a constante mudança, adaptando-nos ao meio, que nos mantém a identidade.
Que esta decisão do Pedro Dória seja apenas uma etapa na realização de coisas maiores e melhores, com as quais o PD poderá brindar aos seus leitores, comentaristas e amigos que o acompanham por tanto tempo.
Pedro, tudo de bom e de bem, à você e à Marina, e que tenham tudo na medida suficiente das suas necessidades, materiais e espirituais. Força e sucesso!
Um grande abraço, e até qualquer dia!
Alexandro.

03 julho 2009

Uma Tirinha no Pedaço [seis]

FAGUNDES & ANACLETO
Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.

17 junho 2009

Preservação Ambiental: Nem Tudo Está Perdido

O bom artigo Mata Atlântica: boas notícias e uma dúvida, publicado no dia 13 de maio lá no Darwiniano, traz uma informação animadora da Revista Pesquisa Fapesp dizendo que “novas técnicas de medição mostram que a porcentagem de cobertura vegetal preservada pode ser de aproximadamente 17 %, e não de 7 % como se pensava”. Como triste contraponto, no dia 26 de maio foi publicado pelo Diário Catarinense um levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que aponta Santa Catarina como o estado com o segundo maior índice em desmatamento das áreas de Mata Atlântica. De acordo com o diretor de mobilização da fundação, Mario Mantovani, “a desobediência à nova lei da mata atlântica, que estabelece limites de preservação ambiental, é a responsável pelo mau resultado do Estado”. Diz ainda que “o desmatamento está associado à expansão urbana nos limites da floresta”, e que “o caso de Santa Catarina é de desobediência civil".

No mesmo artigo, o biólogo Darwinista informa o “estabelecimento do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, que pretende 'recuperar 15 milhões de hectares de florestas até 2050'. Por trás do Pacto estão ONGs, empresas e universidades.” Aqui, está se falando de preservação e restauração da reserva legal de mata nativa e das matas ciliares, para preservar os rios e impedir a erosão dos solos. Mais um triste contraponto, e novamente envolvendo o estado de Santa Catarina: em 17 de abril, entrou em vigor o Novo Código Ambiental de Santa Catarina, em meio a uma polêmica envolvendo até o Ministério Público Federal, que o considera ilegal. A legislação federal diz que a faixa de mata ciliar deve ter no mínimo 30 metros. Pela lei catarinense, esta proteção fica reduzida e cai para cinco metros em caso de pequenas propriedades e vai até dez metros para as propriedades com mais de 50 hectares. De um lado, o governador Luiz Henrique pergunta: “ Nós queremos lavouras ou favelas?” De outro, ambientalistas alertam que “a aplicação do código pode vir a agravar catástrofes climáticas como a que castigou o estado no ano passado”.

A questão levantada pelo artigo, tanto no texto como nos comentários, trata da real possibilidade de conciliar preservação ambiental com atividade econômica, histórico antagonismo de ambientalistas e produtores rurais, tanto em termos legais como, e principalmente, na esfera política.

Não tenho formação acadêmica na área, e falta-me, portanto, o conhecimento necessário para discutir sobre técnicas e possibilidades viáveis de exploração econômica através de manejo sustentável dos recursos naturais.

Apesar de ser visceralmente favorável à preservação ambiental em todos os seus aspectos, não há como desconhecer a realidade em que vivemos: enquanto se discutem legislação, e técnicas, e alternativas econômicas, e preservação, etc. e etc., os proprietários rurais e seus agregados, que dependem da sua terra para sobreviver, não podem cruzar os braços à espera de uma solução salvadora. Eles têm se utilizado de todos os recursos disponíveis para o seu sustento, em muitos casos da forma que bem entendem, sem grandes preocupações com a garantia destes recursos para o futuro, sob o olhar compassivo e inepto do poder público.

A observação da realidade do planalto serrano catarinense mostra que a atividade de menor impacto ambiental ainda é a criação de gado para corte ou leite, e seus derivados. Porém, não é atividade geradora de emprego – poucos agregados tomam conta de grande quantidade de gado em extensa área de terra, e a riqueza gerada não é partilhada, concentrando-se nas mãos do proprietário. Outras atividades da região são a agricultura, nas poucas áreas em que é possível a agricultura mecanizada – o solo, via de regra, é bastante pedregoso, e o cultivo de pomares de frutas de clima frio, que são atividades que causam uma maior degradação pelo uso de defensivos agrícolas. Outra atividade, de longe a mais predadora, é o cultivo do pinnus, comum na região pela existência de duas grandes unidades de fabricação de papel. O ganho relativamente rápido de lucros razoáveis para os padrões regionais, que faz do plantio/replantio de pinnus uma espécie de garantia de aposentadoria para os proprietários, acaba fazendo que avancem o plantio até às margens dos rios, açudes e nascentes, e às bordas da mata nativa, sufocando-a – muitos deles a derrubam, com o único objetivo de aumentar a área de plantio. Este novo código ambiental de Santa Catarina não ajuda em nada esta já nefasta realidade, muito pelo contrário!

A preocupação com a devastação ambiental no Brasil vem de longa data. A Revista Esso do primeiro bimestre de 1959 estampava em sua última contra-capa uma previsão sombria quanto ao futuro das florestas brasileiras, alertando para o que considerava como a “construção de desertos”, em curso no país desde 1916. E na Revista Esso do final de 1960, em um artigo intitulado “Árvore da Vida”, David Azambuja, na época diretor do Serviço Florestal e secretário da Campanha de Educação Florestal, do Ministério da Agricultura, dizia que (trecho transcrito literalmente):

“Imagine uma área do tamanho do Distrito Federal (1.356 km2) completamente coberta de árvores. Duas semanas e meia depois essa mesma área está reduzida a um deserto de cinzas ainda quentes, cheio de peda­ços de troncos negros e retorcidos. Tôda a vida, ali, deixou de existir. Essa é a realidade hoje, no Brasil, onde 30 mil km2 de suas reservas flo­restais são completamente destruídas, anualmente. Constrange saber que paisagens do Brasil iguais à destas páginas (do recém-criado Parque Na­cional dos Aparados da Serra) estejam talvez destruídas dentro de 25 anos, pois, segundo previsões, as florestas do Sul do País desaparecerão neste espaço de tempo; as do Leste, em 23 anos; as do Norte, em 15. Some-se a êste quadro o fato de que, apesar de todos os esforços que estamos des­pendendo, a área reflorestada no Bra­sil ainda não ultrapassa os 10 mil km2.”

Na seção de carta ao leitor desta mesma edição, o redator-responsável diz num trecho do seu comentário a respeito deste artigo: “A coisa é realmente séria - nós, que mora­mos nas cidades, nem fazemos uma idéia. Querem um exemplo? Em 1911 São Paulo tinha 64% de florestas em seu território. Hoje está com menos de 10%, quando os técnicos no assunto recomendam um mínimo de 30%. Qual será (neste campo) a sorte do Brasil considerando que não apenas em São Paulo, como também no Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e em todo o Nordeste as derrubadas continuam a ser feitas em ritmo cada vez mais acentuado?” Aparentemente, alguma coisa boa aconteceu pelo caminho e a devastação das florestas no país não se concretizou com a intensidade e abrangência daquelas dramáticas previsões. Felizmente. Mas já naquela época Santa Catarina estava entre os estados mais devastadores do país!

No entanto, entre tantas polêmicas, tantos pontos e contrapontos, uma notícia traz um novo alento neste caldeirão de interesses em que se transforma o assunto ‘preservação ambiental’, e se refere à criação de mais uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, e onde? Aqui mesmo, no estado de Santa Catarina, nos campos de cima da serra.

Por definição, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma unidade de conservação em área privada, gravada em caráter de perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. A criação de uma RPPN é um ato voluntário do proprietário, que decide constituir sua propriedade, ou de parte dela, em uma RPPN, sem que isto ocasione perda do direito de propriedade. Este tipo de reserva tem o objetivo de promover a educação ambiental. Vale lembrar que a transformação de uma determinada área em RPPN não impede a sua exploração, que deve ser realizada com projetos de manejo que atendam a uma legislação específica.
Em 10 de setembro de 2008, a portaria nrº 74 do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) criou a “RPPN EMILIO EINSFELD FILHO”, em uma área total de 6.328,60ha, localizada nos Municípios de Campo Belo do Sul e Capão Alto, Estado de Santa Catarina, de propriedade da empresa Florestal Gateados Ltda (empresa do ramo florestal que atua no florestamento, reflorestamento, manejo florestal e comercialização de toras de pinus, eucalipto e outras coníferas, oriundas de florestas plantadas com recursos próprios).
De acordo com a lista de RPPN’s disponibilizada pelo Instituto, datada de jan/09, esta reserva é a 15ª em extensão no país, e em todo sul e sudeste somente uma reserva em Minas Gerais é maior. Em Santa Catarina existem 31 RPPN’s, e 500 em todo o país, que totalizam uma área protegida de 471.907,17ha. Isto corresponde a 4.719,07km2, ainda muito pouco em números absolutos, mas, indiscutivelmente, um começo.
Como o título lá em cima já diz, nem tudo está perdido, porém muito precisa ser mudado, e atitudes como estas, de criação de reservas particulares, mesmo que sejam movidas por algum tipo de benefício fiscal ou financeiro, ou ganho institucional pela exploração de uma imagem preservacionista, não importa, devem ser comemoradas e incentivadas. Que venham mais empresas e proprietários que tenham um olhar no futuro, e que tomem hoje atitudes que farão a diferença, no futuro! Precisamos muito disso.

23 maio 2009

Uma Tirinha no Pedaço [cinco]

FAGUNDES & ANACLETO
Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.

08 abril 2009

Uma Tirinha no Pedaço [quatro]

FAGUNDES & ANACLETO
 Clênio Souza, artista plástico, escultor, cartunista, poeta e desenhista, originalmente publicado em O Momento.