31 julho 2010

A Minha Pátria

Amélia Rodrigues

Pátria... se todo o ouro e todas as riquezas
Que o universo contém: tronos, palmas, grandezas,
Prá fazer-me trair-te, alguém trouxesse aqui,
Nada disso, jamais, eu trocaria por ti...

Se fosses a mais pobre, a mais desamparada
De todas as nações, cativa, desolada,
Sem recursos, na treva, exausta, a definhar,
Quereria eu morrer para te libertar.

Se não pudesses dar-me o refúgio do teto,
Um pedaço de pão, o beijo de um afeto...
Se os sacrifícios meus desprezasses, enfim,
Eu te amaria ainda assim...

Quando às vezes contemplo e percorro na mente
Mares, terras d’além, não descubro, realmente,
Nada que comparar se possa ao brilho teu...
Pátria... melhor que tu apenas vejo o céu...

Quando alguém junto a mim teu nome pronuncia,
Sinto um gosto de mel... ressaibos de ambrosia...
É que me vem à boca, em doce comoção,
O amor que te consagro e me enche o coração.

Quando a tua bandeira esplêndida tremula,
Minha alma corre a ela, extasiada a oscula,
Num transporte de amor a enrola toda em si,
E julga e sonha e crê que se fundiu em ti...

Pátria formosa e grande... a teus pés prisioneira
Aqui tens, prá servir-te, a minha vida inteira...
És minha mãe... aceita o que eu valer e for
Pois tudo é teu, só teu, Pátria do meu amor...

nasceu na Fazenda Campos, Freguesia de Oliveira dos Campinhos, Município de
Santo Amaro da Purificação, Estado da Bahia em 26 de maio de 1861.
Foi notável poetisa, professora emérita, escritora consagrada,
teatróloga, legítimo expoente cultural das Letras da Bahia.

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