23 novembro 2008

As Coisas Como Elas São

A maioria das pessoas que conheço passa a vida guardando, e carregando para cima e para baixo montanhas de tralhas que adquiriu por achar que precisava daquilo, alimentando a cultura predatória do consumo, e não se desfaz de nada por achar que um dia pode precisar. Raramente precisa. Não vale a pena tanto esforço, tralhas atravancam a vida. Livrar-se delas abre espaço na casa e na cabeça. Deixa o ambiente mais aberto, mais limpo, e a vida como um todo também fica mais leve.

Eu sou uma dessas pessoas. Passei toda a minha vida arrastando um fardo desnecessário, preocupado em demasia com um futuro de provável carestia. Esqueci de acreditar na minha própria capacidade de suprir as minhas necessidades, e da minha família, quando elas surgissem. Há algum tempo comecei a mudar minhas atitudes. Aos poucos, afinal, não tem como radicalizar chutando o balde e mudando em alguns dias um hábito cultivado por 40 ou 50 anos. Já consigo fazer o ‘passeio socrático’ e à noite dormir sem traumas, arrependimentos, nem culpas. Pelo contrário, fico satisfeito por não perder o controle sobre aquilo que eu realmente preciso. E tenho necessitado de cada vez menos coisas!
Acredito cada vez mais na premissa de tenha ou faça o suficiente: trabalhar o suficiente para garantir conforto e segurança suficientes para nós e nossa família, ter anseios e ambições suficientes para não estagnar em depressão e motivar-nos a buscar sempre o melhor, mas sem transformar esta ambição em um fim em si mesma, adquirir apenas o suficiente para as nossas necessidades... e, como conseqüência, repensar tantas outras coisas do nosso dia a dia, como reduzir o consumo para reduzir o lixo, consumir melhor para reaproveitar e reciclar o descarte gerado, repensar hábitos para racionalizar o uso dos recursos naturais...
É complicado, às vezes. Mas perfeitamente possível, basta vontade e acreditar que isso é bom para mim e para o mundo. O vídeo abaixo ajuda a conhecer melhor a origem, destino e consequência do ciclo produtivo e de consumo, e serve de alerta para quem ainda se importa com o que pode ser feito. O vídeo é um pouco longo, mas muito didático. Você não vai perder o seu tempo, tenho certeza!