31 outubro 2007

Lages, Trânsito Sem Lei

Onde não há lei, não há ordem. A convivência em sociedade implica a existência de normas de conduta, que estabelecem procedimentos básicos para um relacionamento de respeito entre os indivíduos, e implica também a existência de leis, que regem as questões legais cíveis e criminais, as questões tributárias, administrativas, públicas, dentre um universo de aplicações.
Nenhuma novidade há nesta afirmativa. A questão é que para que indivíduos convivam em relativa harmonia e respeito é necessário que as normas de conduta sejam respeitadas e as leis sejam cumpridas. Sem essa condição básica, elementar, é inútil a existência de leis e dos órgãos públicos que deveriam zelar pela sua aplicação.
Um claro exemplo de leis que não são cumpridas é o trânsito de Lages. Por mais absurdo que possa parecer, uma das maiores cidades do estado não tem policiamento no trânsito. A situação, além de absurda, torna-se trágica, pois não há a menor preocupação entre os motoristas com relação a punição para qualquer atitude ilegal. Quando a lei é esquecida, esquece-se também o respeito, o senso crítico, a civilidade, a educação... Bem, na verdade, quando chega a este ponto é porque respeito e educação já foram esquecidos há muito tempo.
Os absurdos que acontecem não diferenciam motoristas de pedestres. Se você é motorista, terá que conviver com motoristas que bloqueiam a rua andando em velocidade irrisória, ou que ocupam as duas pistas das avenidas, motoristas que não sinalizam nem aos outros motoristas nem aos pedestres, motoristas que reagem tão lentamente ao sinal verde nos semáforos que poucas vezes passam mais que três carros por vez, motoristas que param em fila dupla em frente ao banco para que madames possam usar o caixa automático, como na Nereu Ramos em dias de chuva, motoristas que param seus carros ou ônibus em rua de pista única, como descendo a Frei Rogério sentido Centro–Pres. Vargas, para comprar jornal ‘bem rapidinho’, ou apanhar alunos em frente à escola, motoristas que conduzem veículos em frangalhos, sem a menor condição de segurança e trafegabilidade, colocando em risco sua própria integridade e dos demais motoristas e pedestres, motoristas que trafegam na contramão para não ter que dar a volta na quadra...
Se você é pedestre, terá que disputar espaço com carros ‘estacionados’ nas calçadas em frente às casas daqueles motoristas do parágrafo aí em cima, com carros atravessados em frente a estabelecimentos comerciais que usam a calçada como estacionamento para os clientes – experimente reclamar e será violentamente xingado como se o errado fosse você, com carros estacionados no que seria a calçada em postos de combustível, secando após a lavação enquanto aguardam seus proprietários vir buscá-los, com motos costurando entre os carros no trânsito, com bicicletas desviando das pessoas nas calçadas e calçadões e crianças e adolescentes em skates fazendo malabarismos, atropelando as pessoas e depredando prédios públicos e monumentos ao usá-los como rampas e obstáculos para sua diversão...
Isso tudo acontece sob o olhar complacente – e cúmplice por conseqüência – dos raros policiais que são vistos nas ruas. Quando a Polícia Militar era encarregada do policiamento do trânsito, alguns problemas e abusos também aconteciam, mas pelo menos havia a possibilidade dos transgressores serem punidos com multa ou apreensão do veículo, conforme o caso. Agora, nada é feito, nem pela Polícia Militar, nem pela Prefeitura, e essa omissão transforma o trânsito de Lages em terra de ninguém, e a cidade e seus cidadãos de bem permanecem reféns dos inescrupulosos e à mercê do acaso, e do descaso do Poder Público.

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